Futebol é o caso mais gritante. Por mais que haja algumas redes para determinados torcedores (a Louco por Ti Corinthians é o melhor exemplo), você não encontrará um serviço focado no assunto futebol que tenha discussões sobre todos os times, jogadores, táticas e por aí vai.
Por incrível que pareça, um serviço lançado em novembro vem experimentando um interesse crescente pelos usuários explorando um assunto que a média dos brasileiros já comprovadamente não se mostrou muito entusiasta: leitura.
O Skoob ("livros", em inglês e ao contrário) é uma rede social criada por Lindenberg Moreira nascida com a proposta de levar à internet as discussões que ele e amigos tinham sobre os últimos livros que haviam lido.
Surpresa é que o Skoob não ficou só entre amigos. A alta procura após a divulgação em blogs de alto alcance, como é o caso do Sedentário & Hiperativo, forçou Moreira a liberar o site para o público em geral no começo de janeiro quando só pretendia fazê-lo no final de fevereiro.
Os números ilustram o crescimento exagerado: em 30 de dezembro, eram 300 usuários. Nesta terça-feira (13/01), a cifra já bateu 5,9 mil, com 4,3 mil deles já ativos, cadastrando livros ou relacionando amigos.
O funcionamento do Skoob segue similares norte-americanos, como o Shelfari e o BookSprouts: em sua prateleira, o usuário lista todos os livros que já leu (mais especificamente, em qual página), que está lendo ou pretende ler e pode se tornar amigo de usuários ou acompanhar atualizações dele.
A razão pelo sucesso do Skoob? É o próprio Lindenberg que explica. "Muitas pessoas nos enviam emails dizendo que usavam o Shelfari e vieram para o Skoob porque conseguem encontrar os livros que leram quando criança e pessoas mais dispostas a trocarem opiniões".
Ao bater os olhos no Skoob, você entende exatamente tanto a alegação do seu criador como a argumentação da pesquisa Retratos da Leitura de que a leitura no Brasil é conduzida pelos livros didáticos: depois das obras blockbusters (como é a série Harry Potter, que domina entre os mais lidos) e os mais vendidos, é de assustar quando livros infantis e adolescentes são adotados pelos usuários.
E dá-lhe títulos de coleções como a Vagalume, da Ática, e obras de autores que vão de Pedro Bandeira, muito popular entre adolescentes na década de 90, como José de Alencar, Aluísio Azevedo e Machado de Assis, sempre presentes em listas das obras exigidas para vestibulares.
Corrigidos problemas de instabilidade dado a grande procura, o Skoob se prepara para testar um modelo comercial como o Oba-Oba fez com baladas para se manter na ativa mesmo com o estouro da bolha online: parcerias com livrarias e editoras para tentar transformar os acessos em vendas.
Resta saber se o gosto brasileiro pelos best-sellers é suficiente para justificar uma editora ou livraria a pagar pela rede social. Até agora, o Skoob tem dado motivo de sobra pra começar a faturar. Vejamos no médio prazo