02 fevereiro 2009

Skoob: um serviço social focado no improvável gosto brasileiro pela leitura

skoob

Não são poucas as atividades de notório gosto pelos brasileiros que ainda não têm uma rede social que justifique tanta adoração na internet.

Futebol é o caso mais gritante. Por mais que haja algumas redes para determinados torcedores (a Louco por Ti Corinthians é o melhor exemplo), você não encontrará um serviço focado no assunto futebol que tenha discussões sobre todos os times, jogadores, táticas e por aí vai.

Por incrível que pareça, um serviço lançado em novembro vem experimentando um interesse crescente pelos usuários explorando um assunto que a média dos brasileiros já comprovadamente não se mostrou muito entusiasta: leitura.

O Skoob ("livros", em inglês e ao contrário) é uma rede social criada por Lindenberg Moreira nascida com a proposta de levar à internet as discussões que ele e amigos tinham sobre os últimos livros que haviam lido.

Surpresa é que o Skoob não ficou só entre amigos. A alta procura após a divulgação em blogs de alto alcance, como é o caso do Sedentário & Hiperativo, forçou Moreira a liberar o site para o público em geral no começo de janeiro quando só pretendia fazê-lo no final de fevereiro.

Os números ilustram o crescimento exagerado: em 30 de dezembro, eram 300 usuários. Nesta terça-feira (13/01), a cifra já bateu 5,9 mil, com 4,3 mil deles já ativos, cadastrando livros ou relacionando amigos.

O funcionamento do Skoob segue similares norte-americanos, como o Shelfari e o BookSprouts: em sua prateleira, o usuário lista todos os livros que já leu (mais especificamente, em qual página), que está lendo ou pretende ler e pode se tornar amigo de usuários ou acompanhar atualizações dele.

A razão pelo sucesso do Skoob? É o próprio Lindenberg que explica. "Muitas pessoas nos enviam emails dizendo que usavam o Shelfari e vieram para o Skoob porque conseguem encontrar os livros que leram quando criança e pessoas mais dispostas a trocarem opiniões".

Ao bater os olhos no Skoob, você entende exatamente tanto a alegação do seu criador como a argumentação da pesquisa Retratos da Leitura de que a leitura no Brasil é conduzida pelos livros didáticos: depois das obras blockbusters (como é a série Harry Potter, que domina entre os mais lidos) e os mais vendidos, é de assustar quando livros infantis e adolescentes são adotados pelos usuários.

E dá-lhe títulos de coleções como a Vagalume, da Ática, e obras de autores que vão de Pedro Bandeira, muito popular entre adolescentes na década de 90, como José de Alencar, Aluísio Azevedo e Machado de Assis, sempre presentes em listas das obras exigidas para vestibulares.

Corrigidos problemas de instabilidade dado a grande procura, o Skoob se prepara para testar um modelo comercial como o Oba-Oba fez com baladas para se manter na ativa mesmo com o estouro da bolha online: parcerias com livrarias e editoras para tentar transformar os acessos em vendas.

Resta saber se o gosto brasileiro pelos best-sellers é suficiente para justificar uma editora ou livraria a pagar pela rede social. Até agora, o Skoob tem dado motivo de sobra pra começar a faturar. Vejamos no médio prazo

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